domingo, agosto 24, 2014

Problemas no sistema


A ausência de ideologias partidárias tem sido notória no cenário político brasileiro nas últimas décadas. Tem-se um quadro eleitoral marcado pelo pluripartidarismo, o qual por um lado reforça o discurso democrático, porém também mostra a imaturidade desta mesma democracia. Visto que os partidos políticos sustentam um sistema monopolizador, em que os interesses individuais preterem os da massa.
Grupos políticos que outrora levantavam a bandeira do socialismo, hoje se “prostituem” a uma política econômica e social ineficaz e excludente. É imperceptível a divisão entre esquerda “libertária” e direita “aburguesada”, pois a pretensa esquerda se “endireitou” e a direita se “socializou”. Há inúmeros projetos eleitoreiros e políticas assistencialistas, que em nada contribuem significativamente para uma mudança na realidade social do país. Esse fenômeno tomou conta da direita e da esquerda política brasileira. Surge no cenário eleitoral alguns bons candidatos, homens políticos como indivíduos, que se tornam mais relevantes que legendas partidárias, as quais defendem medidas escusas de governo, não condizentes com as necessidades do Estado.
Esses bons indivíduos podem tirar o espaço dos “políticos de carreira”, infelizmente figurantes ou marionetes no jogo de cartas marcadas da política nacional. A massa mais instruída e formadora de opinião, que já não mais aceita velhos discursos ideológicos, panfletários e eleitoreiros, tem papel fundamental neste cenário. Finalmente alguns fomentadores da democracia começam a se mover para que esses bons nomes da política brasileira possam exercer maior influência nas esferas municipal, estadual e federal. Ganham forças os estadistas: lideranças de grupos sociais, que antes eram invisíveis ou demasiadamente pequenos. Os políticos, mais modernos e verdadeiramente engajados, perceberam que não há necessidade de defender ideologias partidárias, mas criar medidas práticas e sem cabrestos para conquistar seus eleitores, mais atentos, em certa medida, à política. O político sério percebeu que o homem é de fato a medida de todas as coisas, como afirmou ** Protágoras, cabe a ele exercer seu mandato com hombridade em defesa das necessidades comuns.
O Estado tem o dever de garantir meios necessários à cidadania. Não será através de partidos políticos e alianças sujas, que os governantes e legisladores realizarão as medidas eficazes, que solucionarão tantas questões sociais, atravancadoras do progresso do Brasil. Faz-se indispensável uma reforma política comprometida com o povo, a fim de expurgar do cenário político essa gente descompromissada, corrupta e egoísta. Política é trabalho para homens sérios, não para moleques. O atual quadro do sistema político nacional só prejudica os bons estadistas e reforça o poder de incompetentes, além de fomentar o atraso social.
*Márcio Brito Neto é ator, diretor, produtor cultural e formando em Comunicação Social (Cinema) pela PUC-RIO.
** Sofista da Grécia Antiga

http://www.realnoticias.com.br/artigos.htm

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