sexta-feira, fevereiro 06, 2009

CHOQUE DE ORDEM E A POPULAÇÃO DE RUA

Um Rio de Janeiro mais bonito e limpo é o desejo de qualquer carioca. Mas o Choque de Ordem proposto pela Prefeitura tem um ponto que precisa ser discutido mais a fundo: o tratamento oferecido à população de rua.

A operação comandada pelo secretário especial de Ordem Pública, Rodrigo Bethlem, não permite pessoas acampadas e dormindo em calçadas, praias e sob viadutos. Segundo o próprio secretário, as pessoas que se recusarem a ir para os abrigos municipais terão que circular pela cidade.

O problema é que a opção de abrigos não é das melhores. É com a experiência de quem foi coordenadora regional (4ª CAS) da Secretaria Municipal de Assistência Social – administrando os centros de acolhimento, que posso afirmar sobre a precariedade destes locais, por isso, os moradores não querem se alojar e recusam essa alternativa da Prefeitura.

Não há número preciso, já que esta população migra pelas ruas, mas estima-se que aproximadamente duas mil pessoas vivam desta forma no Rio de Janeiro. Cuidar da sua população de rua através da integração entre as secretarias de Habitação, Educação, Assistência Social, Governo e outras, pode ser o início de mudanças significativas para a nossa cidade.

O termo de compromisso formalizado recentemente entre as secretarias de Assistência Social e de Habitação, que concederá bolsa-auxílio para locação social às pessoas que hoje se encontram nos Centros de Acolhimento do Município, é um passo importante dado pelo município, mas é preciso também investir na ampliação dos abrigos e reformas dos já existentes.

Não podemos negar os pontos positivos desta operação. Ela trouxe o poder público de volta às ruas desta cidade maravilhosa, após 16 anos de abandono. Medidas como a proibição do álcool nas ruas próximas ao Maracanã em dias de eventos no estádio, o reboque de carros estacionados em locais proibidos, a retirada de propaganda ilegal e as construções de edifícios irregulares são essenciais para restabelecer a ordem.

Só precisamos ter um olhar mais humanitário com a população de rua. Pesquisas recentes apontam que a maioria é agredida pela própria família e, por isso, fogem de casa. Outros poucos saem da cidade natal para tentar melhorar de vida nas grandes capitais. Contratar profissionais capacitados para tratar desses indivíduos, além da integração das secretarias já citadas acima podem realmente mudar o rumo da nossa cidade.

Tânia Bastos é vereadora do Rio de Janeiro e pedagoga

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